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Do jeito que a coisa anda, só passando de passarinho.
Tem um que gosta do fio aqui da rua. É pequeno, tem um trinado fino, mas não é não a corruíra, que essa é grande conhecida.
Ouço da cama, só vejo quando acordo de madrugada. Daí o vejo pardo, mas à noite os passarinhos são gatos. O canto é de três sequências e uma pausa. Gosta do fio, explico, porque em casa o fio é cercado de galhos, de uma ameixeira e de uma pitangueira. Daí tem as folhas que protegem e o fio que dá pouso bem horizontal. Deve ter dor de coluna.
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terça-feira, 9 de dezembro de 2014
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
Que bico é esse?
(de Getty Images)
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"Não fica triste, Brigitte! Seu nariz é lindo, mas sabe como é o cubismo, né?"
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terça-feira, 2 de dezembro de 2014
sábado, 22 de novembro de 2014
Dama
(imagem da internet, sem crédito)
.Era exagerada.
Errava sempre na mão da maquiagem excessiva e dos perfumes de desmaiar no elevador.
Não teve dúvida e plantou no jardim uma dama da noite.
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quinta-feira, 9 de outubro de 2014
Morte que mata menos
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Meu amigo morreu.
Amigo de que discordava muito.
Depois que ele se foi, passei um tempo cheio de dedos, sem discordar dele, mas agora estou discordando de novo, pois que senão a morte mata demais.
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Meu amigo morreu.
Amigo de que discordava muito.
Depois que ele se foi, passei um tempo cheio de dedos, sem discordar dele, mas agora estou discordando de novo, pois que senão a morte mata demais.
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terça-feira, 9 de setembro de 2014
No espelho
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Van Gogh pintou este "O bom samaritano" a partir de quadro de Delacroix.
Curioso ele ter posto o quadro "no espelho".
O que define a imagem "daqui pra lá" ou "de lá pra cá"? às vezes faço uma foto e, quando a inverto, algo dói.
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Van Gogh pintou este "O bom samaritano" a partir de quadro de Delacroix.
Curioso ele ter posto o quadro "no espelho".
O que define a imagem "daqui pra lá" ou "de lá pra cá"? às vezes faço uma foto e, quando a inverto, algo dói.
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sexta-feira, 22 de agosto de 2014
Artes da política
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Rubem Braga, genial, acho que explicando a ojeriza, disse que "fazer política é a arte de namorar homem".
Os tempos mudaram. Homem já pode namorar homem (ou quase pode, caminho longo, de idas e vindas); já tem mulher na politica (ou quase tem, de novo); e elas, que não faziam politica, podem namorar mulheres, inclusive aquelas que também fazem.
Os novos hábitos confundiram ainda mais a política ou a simplificaram?
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Rubem Braga, genial, acho que explicando a ojeriza, disse que "fazer política é a arte de namorar homem".
Os tempos mudaram. Homem já pode namorar homem (ou quase pode, caminho longo, de idas e vindas); já tem mulher na politica (ou quase tem, de novo); e elas, que não faziam politica, podem namorar mulheres, inclusive aquelas que também fazem.
Os novos hábitos confundiram ainda mais a política ou a simplificaram?
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domingo, 3 de agosto de 2014
Pitoresco
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Meu tablete tá com constipação no 3g e ficou na assistência.
Indo pro café na padaria, passei num estabelecimento de metal na calçada de um senhor simpático. "E as novas?" perguntei, "tem algumas aqui, dizem" e foi botando um pacote de papéis num saquinho plástico.
Tem um formato meio desconfortável, dobrado de forma esquisita, que dificulta a abertura, muita tinta e papel de textura estranha. As notícias vêm estáticas e não são melhores.
Diz que se chama jornal. É bem pitoresco.
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Meu tablete tá com constipação no 3g e ficou na assistência.
Indo pro café na padaria, passei num estabelecimento de metal na calçada de um senhor simpático. "E as novas?" perguntei, "tem algumas aqui, dizem" e foi botando um pacote de papéis num saquinho plástico.
Tem um formato meio desconfortável, dobrado de forma esquisita, que dificulta a abertura, muita tinta e papel de textura estranha. As notícias vêm estáticas e não são melhores.
Diz que se chama jornal. É bem pitoresco.
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terça-feira, 15 de julho de 2014
segunda-feira, 14 de julho de 2014
sábado, 14 de junho de 2014
Errar sempre
O verbo errar é transitivo direto,
intransitivo ou transitivo indireto: errar por, vaguear.
Modernamente, por causa do futebol,
ele tem uma nova preposição, errar "para alguém". Os juízes com frequência
"erram para" algum time (e para si próprios, dizem). Os dicionários ainda
não trazem, mas já podiam.
Essa construção seria útil pro
conquistador empenhado em obter favores românticos da moça renitente, aquele bastião da virtude: "minha senhora, por ventura poderia eu sonhar que
errasse para mim?"
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sábado, 7 de junho de 2014
E as duplas, Sílvio?
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Diz meu amigo Sílvio Ferraz que tem razões históricas, musicais.
Dessas eu não sei, só faço palpitar.
Mas encasqueto pra descobrir o porquê dos caipiras cantarem em duplas! Muitas vezes fica claro qual dos dois é o grande cantor, mas ele é curió que divide glória com tico-tico.
Será humildade, assombração do sexto pecado? ou a carência da mão do amigo-irmão pra espantar o medo dos olhos do público?
Essa gente do mato tem uns mistérios.
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(Clique - Pena branca e Xavantinho - na estrela e no fubá do Patativa do Assaré)
Diz meu amigo Sílvio Ferraz que tem razões históricas, musicais.
Dessas eu não sei, só faço palpitar.
Mas encasqueto pra descobrir o porquê dos caipiras cantarem em duplas! Muitas vezes fica claro qual dos dois é o grande cantor, mas ele é curió que divide glória com tico-tico.
Será humildade, assombração do sexto pecado? ou a carência da mão do amigo-irmão pra espantar o medo dos olhos do público?
Essa gente do mato tem uns mistérios.
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(Clique - Pena branca e Xavantinho - na estrela e no fubá do Patativa do Assaré)
terça-feira, 3 de junho de 2014
Horário, mas de inverno
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Se alguém se preocupasse com quem acorda cedo, seria o contrário, a gente teria horário de inverno.
Se alguém se preocupasse com quem acorda cedo, seria o contrário, a gente teria horário de inverno.
Até as 6 e tanto da matina o corpo se recusa a tudo. Tá frio ali depois da lã, os músculos não reagem. A cidade tá escura, e não aquele escuro divertido da noite, da hora dos bares, da cerveja, das novelas. Ta escuro das luzes de fora e de dentro. A mente de quem anda na madrugada está ainda na penumbra.
Se o olhar fosse pra quem acorda cedo, a gente agora atrasaria os ponteiros. Mas quem decide essas coisas acorda tarde.
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segunda-feira, 21 de abril de 2014
Bits e bytes
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Tenho só 54. Não é pra caracterizar, é pra contextualizar.
Agora tem PhotoShop, que salva as fotos que o laboratorista destruiu com má revelação. Tem software de editoração pras capas dos livros dos amigos. E tem esse programa (Paper Artist), que torna a foto da gente uma pinturinha como esta. Dá pra brincar de Toulouse Lautrec, não no Moulin Rouge, com vinho, mas no restaurante japonês depois de secar a cerveja.
Tenho só 54. Não é pra caracterizar, é pra contextualizar.
Minha primeira experiência com computador foi com cartões
perfurados. Um cartão pra cada frase de programação. Muitas vezes não tinha
tinta, a impressão no rodapé ficava ilegível, e a gente tinha que decifrar o erro
de digitação nos buraquinhos. Mas era poderoso! Matava os trabalhos
repetitivos, nosso sonho.
Passei pelo disquete mole de 8 polegadas (todo um mestrado
está num deles, alguém tem leitora). Pelo de 5e 1/4, pelo de 3 e 1/2 e pelo disco rígido
nem tão rígido: bastava erguer o micro
pra limpar a mesa e ele se desformatava! foi bom, aprendi a importância
de backup.
Passei pela tela verde, pelo AutoCad sem mouse, dei curso de Lotus
123 (o gênio que inventou a planilha, alguém sabe quem é?)
Sou encantado pelo wireless, pelo laptop! não gosto de
ficar, quero andar pela casa. O tablete? bem o tablete é a primeira máquina
civilizada da história da informática: nenhum fio, nenhum periférico, vai pra
cama com você, nem precisa de luz de cabeceira, traz a própria. Um dia
(loguinho claro) todo lugar vai ter sinal rápido e vou ver "e la nave va"
na praia.
Gosto de conversar com as pessoas, só gosto de solidão quando a
quero. No ponto de ônibus, na fila do banco, na sala de espera do médico, no
metrô (quem achou que a gente gosta de andar no buraco?) é bom ter a
possibilidade de "sair dali" e papear com um amigo. Já fazíamos isso
com os amigos de todos, os escritores, por que não fazer também com aqueles que
a gente conhece de perto?
Agora tem PhotoShop, que salva as fotos que o laboratorista destruiu com má revelação. Tem software de editoração pras capas dos livros dos amigos. E tem esse programa (Paper Artist), que torna a foto da gente uma pinturinha como esta. Dá pra brincar de Toulouse Lautrec, não no Moulin Rouge, com vinho, mas no restaurante japonês depois de secar a cerveja.
Tenho só 54 e vi tudo isso.
Se com a tecnologia vem coisa ruim? Claro. Como veio com o
fogo, com a roda, com a máquina a vapor, com o rádio, com a televisão. Tem que
ficar de olho.
Mas é divertido brincar de Toulouse, mesmo sem cancan.
Quando tiver 64 volto com as novidades dos últimos 10 anos.
Serão muitas.
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quarta-feira, 16 de abril de 2014
quarta-feira, 26 de março de 2014
Futurologia
Na década de 70 imaginava que o máximo da e(in?)volução dos meios de comunicação seria a transmissão de sexo explícito, grosseiro. Mas foram os exorcismos.
Não podia crer na primeira vez que ouvi no rádio uma sessão ao vivo.
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Não podia crer na primeira vez que ouvi no rádio uma sessão ao vivo.
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sábado, 8 de março de 2014
Dúvidas
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O colchão duro, aquela tábua, que não se ajustava às curvas, já foi indicado pra coluna.
O leite já foi bom pra úlcera. Meu tio tomava por recomendação médica. Dizia o Nelson Rodrigues "trato minha úlcera como uma gata: com pires de leite". Agora é proibido pros dois.
O ovo já foi o inimigo público número um. O número dois, o café. O três, o vinagre.
Antes, quando a gente se machucava, tratava a inflamação com calor. Agora é com gelo.
Pro nosso bem, espero terem se esgotado as dúvidas da medicina.
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O colchão duro, aquela tábua, que não se ajustava às curvas, já foi indicado pra coluna.
O leite já foi bom pra úlcera. Meu tio tomava por recomendação médica. Dizia o Nelson Rodrigues "trato minha úlcera como uma gata: com pires de leite". Agora é proibido pros dois.
O ovo já foi o inimigo público número um. O número dois, o café. O três, o vinagre.
Antes, quando a gente se machucava, tratava a inflamação com calor. Agora é com gelo.
Pro nosso bem, espero terem se esgotado as dúvidas da medicina.
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sábado, 1 de março de 2014
Palavra nova
Um bom amigo, agradecendo uma recomendação, sugeriu que eu ficasse à vontade para o "taguear" com boas dicas.
Purista amador, raramente gosto dos neologismos da informática - e olha que fui programador, mas não usava "backup" e sim "cópia de segurança". Culpa da dona Doroti, que passou bons minutos se desculpando em sala por não encontrar substituto em português pra "show". "Mas, para detalhe, temos minúcia, pormenor; e, para chance, oportunidade". Apaixonada, linda!
Mas de "taguear" gostei. Parece "tagarelar" e quem me conhece sabe que tem a ver comigo.
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Purista amador, raramente gosto dos neologismos da informática - e olha que fui programador, mas não usava "backup" e sim "cópia de segurança". Culpa da dona Doroti, que passou bons minutos se desculpando em sala por não encontrar substituto em português pra "show". "Mas, para detalhe, temos minúcia, pormenor; e, para chance, oportunidade". Apaixonada, linda!
Mas de "taguear" gostei. Parece "tagarelar" e quem me conhece sabe que tem a ver comigo.
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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
De Natal em fevereiro
Não me estranhe por falar de Natal agora. Tava guardado desde o 25, só deixei passar a data
pra ser coerente.
Assis Valente, pouco lembrado, o do Brasil Pandeiro, foi um
dos grandes compositores do Brasil e talvez um dos mais tristes.
Difícil imaginar versos de canção de Natal melhores do que
estes, de "Boas Festas":
“Ou
então felicidade
É brinquedo que não tem”
É brinquedo que não tem”
Só não sei se cabem no Natal.
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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
Do tamanho da gente
Deixo às vezes a Lu na estação de trem em Jundiaí.
Em São Paulo os trens são invisíveis nos subterrâneos, nos elevados ou nos grandes edifícios como a Luz. E tem urbanistas que os querem ainda mais inexistentes, enterrando a linha da velha ferrovia. Ara, malditos!
Mas aqui não. Quando chego e o trem já está lá, a Lu dá uma corridinha, passa na catraca, um tchauzinho, entra no trem e se senta. O trem vai. Vejo tudo.
Escala humana acho que é isso.
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Em São Paulo os trens são invisíveis nos subterrâneos, nos elevados ou nos grandes edifícios como a Luz. E tem urbanistas que os querem ainda mais inexistentes, enterrando a linha da velha ferrovia. Ara, malditos!
Mas aqui não. Quando chego e o trem já está lá, a Lu dá uma corridinha, passa na catraca, um tchauzinho, entra no trem e se senta. O trem vai. Vejo tudo.
Escala humana acho que é isso.
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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
Calor
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Ele dizia, “filho, no calor, com o corpo quente, antes de tomar água molhe os pulsos”. Minhas mãos embaixo da torneira parecem as dele.
Ele dizia, “filho, no calor, com o corpo quente, antes de tomar água molhe os pulsos”. Minhas mãos embaixo da torneira parecem as dele.
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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
Na faixa
Agora a gente pára na faixa.
E os pedestres daqui não atravessam pisando duro, com aquela razão dos que "tenho direito e vou fazer valer" e com o olhar pra frente. Até têm direito e sabem, mas vão além. Além da frente. Aqui as senhoras acenam com a cabeça, os homens fazem um positivo-de-dedão e as moças sorriem. É um povo bacana esse meu.
Como é gostoso parar na faixa de pedestre! Devia ter feito isso antes.
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quarta-feira, 1 de janeiro de 2014
A margem
Vai bem além de dar o peixe ou de ensinar a pescar.
Tem que dar o peixe, que, sem barriga cheia de peixe, ninguém fisga nem aprende a preparar iscas.
Tem que oferecer boa escola de montagem de tralha.
Tem que prover o rio de peixes.
E, o mais difícil, tem que garantir a todos o acesso à margem do rio.
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