terça-feira, 31 de julho de 2012

Quitinete, isso sim.

Ah, os nomes!

Um apartamento de trinta e poucos metros era uma quitinete. Agora é estúdio. Mudou. Menos pelo moleque, que continua fazendo o dever de casa em cima da televisão. Ainda bem que não tem mais aquela antena em "V"? Ainda tem, sim. Tem que driblar sem esbarrar pra não embaralhar a imagem.

E não adianta ficar botando prateleiras em toda parede e portas de correr que comunicam cômodos separados à noite, pra hora do amor abafado.

Casa de tamanho certo é a que tem lugar pras coisas que a gente não sabe onde pôr.

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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Retratos de kodak

A técnica da fotografia é simples, de poucos truques: abertura, velocidade, foco, profundidade de foco, sensibilidade do filme (que coisa velha!). Muitos deles completamente esquecidos pelos donos de câmaras automáticas.

Mesmo para a "kodak" mais "caixão" (assim se chamava a câmara de lente fixa, que não permitia nenhum ajuste) estipulou-se uma regra rígida: "nunca bata a chapa de frente pro sol!"

Kurosawa dizia que a primeira vez no cinema em que se apontou uma lente direto pro sol foi em um de seus filmes (será Dodes´ka-den?). E o velho Akira fazia questão de ressaltar que não tinha sido ideia sua, mas de seu diretor de fotografia, um herege maravilhoso.

Mas nos piqueniques, como o fotógrafo obediente às regras ficava de costas pro sol, o fotografado ficava de frente pro astro-rei e toda uma geração foi retratada com aquela carinha enrugada e olhos apertados.

Ou de óculos escuros. Mas aí ficavam feios.

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