sábado, 9 de abril de 2011

Território mínimo

As andorinhas pousadas nos fios mantêm um espaço entre si. Um sim, um não; um sim, um não. Pra não virar bagunça, que elas já garantem com a gritaria.

Ouvi uma vez que o truque do domador não é o chicote, mas o passo para trás. Ta lá o leão achando que naquela distância não faz mal ter um sujeito vestido de forma ridícula. O almoço sem sabor dá um passo pra frente; "gruurraauurrruuuu" (tradução: "oooolha! ta muito perto!"), o rei alerta; o almoço estala o chicote e ao mesmo tempo, malandro que é, recua o passo que avançou; "rruruuuu" (trad: "não sei que barulho é esse, mas fica aí que ta bom"); e a plateia aplaude a coragem e o poder do insosso.

Tudo uma questão de distância civilizada.

Por isso a gente fica tão sem graça com um desconhecido no elevador.

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2 comentários:

Cássia M. disse...

Oi, Mario!

Fazia tempos que nao passava por aqui. Uma vez mais, disfrutando do prazer de ler seus escritos... Espero que esteja tudo bem por aí. Por aqui, tudo em ordem. Um grande beijo, com muitas saudades,

Cássia

Anônimo disse...

Oi Cássia.

Bom saber docê. Ta longe e sempre perto essa minina.

beijo

Mario Rui