Na repartição tinha (havia) um senhor bom de português. Muito rigoroso, corrigia todo mundo, não por arrogância, mas por vício de décadas de magistério.
Voltando do almoxarifado, uma colega falou: - não tem mais borracha.
Ele mandou professoral: - já te falei que não é "não tem", mas "não há" que se fala.
- ah, Fulano, depois do 'tinha uma pedra no meio do caminho' do Drummond, esse uso ta mais do que autorizado, socorri a moça.
Ele olhou pra cima como quem se lembra e sentenciou: - eu nunca vi nenhuma graça nesse poema!
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PS: Há (tem) uma outra autorização pra lá de talentosa desse uso: Ou então felicidade / É brinquedo que não tem ("Boas festas" - Assis Valente)
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