Dia de fórum e logo cedo fui limpar uma gordura horrível nos óculos. Um esforço errado e, pronto: quebrou-se a armação.
Busquei os velhos, "talvez esticando um pouco os braços", mas quem disse que as lentes, estáticas, repeitam o tempo que voa?
Chamei meu pai. Demorou pra atender, pois morreu já faz onze anos, mas veio.
Procurou comigo arame no quarto dos guardados. "Esse é muito grosso, melhor era um mais fino, filho. Não tem?, vai esse mesmo". Disse-lhe também que só tenho um alicate. "Um só? ih, melhor eram dois, que um segurava e o outro entortava. Mas se tem um só, vai um só mesmo".
E torce, e curva sobre a lente, e ajusta, e envolve, e passa sob o apoio de nariz, e volta, e curva sobre outra lente, e torce. Tudo com jeito de que vai machucar o rosto.
"Machuca nada, filho. Óculos de perto ficam longe da cara, na ponta do nariz".
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2 comentários:
ai, mariorui, quase chorei. já to sensível com meu pai que pegou um resfriado de ontem pra hj porque ele fica acabado quando me vê no hospital, vc sabe. e vc inda me vem com esse seu pai? não o conheci, mas vejo muito dele em vc, pelas suas palavras e pelo retrato lindo dele que vc fez. bjs
O peito até dói de tanta saudade...
Mas se pensarmos bem, os pais estão sempre presentes...de uma forma ou de outra, né?
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