quinta-feira, 16 de junho de 2011

De graça, claro

Um serviço público pode ser sustentado por impostos (destinação não específica, o bolo do Estado) ou taxa/preço público (específico para pagar esse ou aquele serviço).

De qualquer forma tudo sai do bolso das pessoas. O Estado não produz dinheiro, administra o nosso.

A manutenção das ruas, a luz que faz funcionar o semáforo, a limpeza das bocas-de-lobo e muitos outros serviços são custeados por impostos. Todos pagam, independente de ter ou não um bueiro na frente de casa ou um sinaleiro na esquina.

Os ônibus, metrô e trens que funcionam na cidade também deviam ser assim. Serviços públicos (e são públicos, no máximo concessões) sustentados por impostos de todos e não por quem usa.

Na hora do uso não haveria catraca. Claro que há sempre alguém que diga que isso incentivaria o uso excessivo do transporte público, como se fosse muito divertido passear em ônibus lotado, parado na avenida. Caso um ou outro aposentado tivesse esse hobby estranho, outro serviço público estaria sendo prestado, já que os bingos foram fechados.

O fato é que todos pagarem igualmente pelo transporte coletivo de todos seria mais justo, pois alguém mora longe PORQUE o outro mora perto.

Cobrar mais de quem mora longe é como cobrar, na conta do condomínio, uma taxa de elevador maior dos moradores dos andares mais altos - um absurdo completo.

O bilhete único foi avanço, mas ainda dá pra ir além.

O critério é simples: deve ser mantido por impostos tudo o que é condição de funcionamento da cidade.

E o transporte público é condição de funcionamento.

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2 comentários:

Anônimo disse...

Poxa, Mário, eu sempre gosto de tudo o que você escreve, mas esse aí eu não sei se concordo não, vou ter que pensar mais um pouco.. Alguém mora longe PORQUE alguém mora perto.. Perto de onde? Eu posso morar do lado do seu trabalho e você do meu, ambos moramos perto e longe. Enfim, eu ando meio cansado de pagar por um monte de coisas que eu não uso, talvez seja por isso que minha primeira reação foi contrária, mas como foi você que sugeriu eu vou pensar mais. Um abraço, e parabéns pelo seu blog, seus textos são ótimos !

MARIO RUI FELICIANI disse...

Puxa, obrigado pelo elogio.

Claro que pode acontecer isso de trocar. Mas não é o mais comum, né? em geral, o que vem de ônibus vem de lá looonnnngggeeeee.

Mas mesmo que seja assim: eu moro aqui e você ali; eu trabalho ali e você aqui. Ainda assim a cidade precisa funcionar. Eu e você temos que trabalhar e estudar e nos divertir e, pra isso tudo, nos locomover. Se a gente não se locomove a cidade não funciona.

Portanto, a cidade toda deve pagar por isso.

Acho que não é muiiiito comunista.