terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Enquete

Já tentei uma enquete sobre onde ficam as meias de cada um. Agora pensei em outra.

Tem uma canção do Chico (Estação Derradeira - clique aqui), retrato muito bem feito do Rio, em que ele teme a noite da fogueira desvairada.

"São Sebastião crivado
Nublai minha visão
Na noite da grande
Fogueira desvairada"


Um chapa, Nelson de Oliveira, homônimo do escritor, dizia que o Buarque era um mau profeta. Que a noite da grande fogueira desvairada nunca aconteceria, que as classes mais mais altas nunca permitiriam, que havia alguns gramas de chumbo destinados a cada candidato a ator da fogueira.

Agora a gente viu tudo aquilo no Rio.

A grande fogueira desvairada não foi. O que foi então?

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domingo, 19 de dezembro de 2010

Suspensórios

Vou logo esclarecendo que os uso.

Não se pode dizer que estão na moda, embora pouco importe, pois a melhor coisa a se fazer com a moda é ficar quietinho, que um dia ela passa por você. Diz um outro Mário que, com bengala e suspensórios, só me falta a gravata borboleta. Exagero do xará.

Tampouco os acho bonitos. Não há como negar que aquelas linhas sobre a camisa compõem um excesso. E eu não estou para excessos.

Uso, pois me cansei de puxar as calças pra cima, como me cansei de apertar o cinto contra os músculos já meio cansados do abdome. Sei de forças e tensões e, pra manter o cós no lugar certo, há que se garantir uma pressão no cinto muito superior ao peso das calças, que o atrito entre os tecidos é pequeno (se você não entendeu essa parte, deve ter um engenheiro por perto pra explicar melhor o que te conto).

Isso só acontece com os homens por uma razão óbvia: não temos quadris mais largos que a cintura, como as moças. Com a cerveja então, eles ficam mixos comparados com ela.

As mulheres com os quadris e os homens com os ombros: cada um segura as calças com o que tem.

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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Maria dos Pacotes

Na minha cidade era Maria dos Pacotes. Parece que há em outras.

Moradora de rua, eu nunca soube onde passava as noites, ou se era no mesmo lugar uma após outra. Não acreditava que fosse. Não havia por quê, pois todas suas coisas iam em trouxas nela enganchadas.

Trouxas penduradas em papel amarrado com barbante daqueles grossos, que vinham enrolados, geométricos, em tubos de papelão, e, depois do último nó, um laço grande, alça para um ou outro ombro, uma ou outra mão.

Muitas trouxas.

Passava e não nos olhava brincando na rua. Meninos rueiros. Eu pensava quais as roupas ou detalhes femininos iriam naqueles pacotes, mas não perguntava ou tentava saber.

Um dia um menino disse que viu. Talvez tenha arrancado dela uma das trouxas, talvez batido na mulher, os meninos são rudes, ou eram, talvez não o sejam mais, talvez o sejam ainda mais. Mas disse que viu e eram papéis apertados, amarrotados, inúteis.

Pasmei, na minha meninice: “então não é nada, é só peso; ela nada tem, a vantagem de nada ter é andar livre das cargas, mas a Maria dos Pacotes tem que levar algo duro de carregar”.

Hoje quero crer que fechar o pacote mudava o papel velho em rica seda. Como na cena de “A Bela e a Fera”, de Jean Cocteau, em que as roupas simples da Bela se tornam lindo vestido ao passar, carregada, pela porta do quarto.

Se era assim, quando o moleque abriu o pacote as sedas voltaram a papel? a crueldade da molecagem foi ainda mais dolorosa?

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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Brasilidades e mineirices

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Somos todos um pouco mineiros e os mineiros um pouco mais.

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