Toda cidade grande, apertada, tem desses estacionamentos estreitos e compridos em que os carros ficam alinhados em três ou quatro fileiras muito longas.
A única ajuda que o manobrista recebe é uma dica sobre o tempo que o carro vai permanecer: “cerca de uma hora”; ou “devo demorar, sabe como são as filas do banco”; ou “só saio no fim do expediente, ainda bem que hoje é sexta”.
Vai ajeitando os carros como dá, imagina-se que com alguma intuição baseada nessas indicações vagas, mas sempre presos uns pelos outros.
A mágica é no momento da retirada.
Aquele que ia demorar sempre volta antes e seu carro está encravado três automóveis pra trás e dois pro lado. Já acha que não vai sair nunca, mas o manobrista move um ("por que esse que não tem nada a ver com o meu?"), move outro e, ao mover o terceiro, libera o veículo desejado, que já pode ser dirigido pelo freguês aliviado.
Campeão daquele jogo em que a gente tem que mover o mínimo de peças da frente pra soltar a do fundo.
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