Tem palavras que estão surradas. Tão marcadas que ficam proibidas de sair em público.
“Feliz” é uma delas. Precisei escrever “pro nosso povo viver feliz” e me bateu uma bruta vergonha, confesso. No dicionário nenhum sinônimo satisfaz: ditoso (!), afortunado, venturoso.
Botei “feliz”, mas ainda procuro a substituta.
E uma palavra não fica desbotada pela mesma razão dos jeans. Não é por falta de alternativa. Sempre que abro um dicionário novo (um velho que não conhecia), olho a palavra “água”. “Água” não tem estepe, mas pode abusar que ela não se gasta. É como o próprio líquido, que é usado e reusado desde o começo dos tempos.
Amor, feliz, honra. Certas palavras ficam surradas por razões inconfessáveis.
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