Na dúvida se "carijó" é espécie de galinha ou padrão de penas (eu que não vou ajudar a empobrecer a língua esquecendo essas palavras bonitas), encontrei um "frango-dágua carijó" e me disse uma amiga que no Paraná chamavam os gatinhos rajados de carijós.
Então carijó é pintadinho.
Sempre fui pintado, ovo de peru. Podiam ter me chamado de "moleque carijó".
A Françoise Fourton e a Evangeline Lilly são "moças carijós"!
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quarta-feira, 25 de maio de 2011
terça-feira, 24 de maio de 2011
Coisas de cima
Tava quente, meio dia, e já cercava os frangos imaginários.
Na encruzilhada o feitiço ruim: as velas; a farofa; umas penas com seu dono, parente morto daqueles imaginários vivos, em situação que não se descreve na frente das moças; e o copinho cheio.
De pinga.
Olhou pros dois lados e tomou a branquinha, depois de despejar o gole do santo.
Afinal já era do santo.
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Na encruzilhada o feitiço ruim: as velas; a farofa; umas penas com seu dono, parente morto daqueles imaginários vivos, em situação que não se descreve na frente das moças; e o copinho cheio.
De pinga.
Olhou pros dois lados e tomou a branquinha, depois de despejar o gole do santo.
Afinal já era do santo.
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sexta-feira, 20 de maio de 2011
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Capucheta
Foto feita durante a remoção da favela para a construção de uma grande obra viária em São Paulo, na época em que a Avenida se chamava Águas Espraiadas, assim no plural.
As outras pipas têm papel de seda, esqueleto de varetas e cola pra todo lado. Capucheta é jornal recortado, ajeitado na forma de sela, seio onde se encaixa o vento. Furada em dois lados, a linha do tirante é presa por palitinhos. Tem rabiola. Não se pode puxar muito, que ela rasga.
É de brisa.
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terça-feira, 17 de maio de 2011
Drummond, múltiplo em um poema
Muita gente já leu Mineração do Outro (*). E escreveu. Pouco leio leitura alheia. Se você também é assim, pare aqui.
Tem, no Mineração, o último verso:
arder a salamandra em chama fria.
Diz que salamandra é bicho que não queima. Tanto que o operário que entra na caldeira quente pra consertar tem o apelido de salamandra, que também é nome de aquecedor. A vagina tem forma e consequência de chama. Carlos é gauche. Cada um que junte como quiser.
Mas os primeiros versos são meus favoritos:
Os cabelos ocultam a verdade.
Como saber, como gerir um corpo
alheio?
Vamos dizer que amante do Carlos é Vênus. Não é a Williams, que Carlos não conheceu, mas bem podia ser, se tivesse conhecido.
Os cabelos são de Vênus, ninguém há de negar. Carlos nunca teve muitos, mas, ainda que tivesse tido, os cabelos seriam de Vênus.
O "alheio?" está em verso solitário e aí começa a folia.
A primeira dúvida plantada é de quem é o "alheio?". Gerir um corpo alheio não é fácil. Gerir o corpo de Vênus quando Carlos está alheio no ato, menos ainda. Para gerir o corpo de Vênus, só estando alheio? Como são mais ricas, fico entre a segunda e terceira explicações, sem nunca me esquecer da primeira, pra estragar um pouco menos o poema.
Mas não pára(**) aí.
Ao separar o "alheio?" do corpo, a dúvida não foi só para o alheio, foi também para o corpo. No amor é grande a dificuldade de gerir o corpo do outro, mas é ainda maior a lida de gerir o próprio corpo. Só é possível, se estiver alheio?
Esse Carlos é mesmo do balacobaco.
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(*) aqui tem o poema inteiro e leitura de outro Carlos. Cuidado com a internet, tem gente que não separa o "alheio?" em verso isolado. Esses bárbaros!
(**) para combater outros bárbaros
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Tem, no Mineração, o último verso:
arder a salamandra em chama fria.
Diz que salamandra é bicho que não queima. Tanto que o operário que entra na caldeira quente pra consertar tem o apelido de salamandra, que também é nome de aquecedor. A vagina tem forma e consequência de chama. Carlos é gauche. Cada um que junte como quiser.
Mas os primeiros versos são meus favoritos:
Os cabelos ocultam a verdade.
Como saber, como gerir um corpo
alheio?
Vamos dizer que amante do Carlos é Vênus. Não é a Williams, que Carlos não conheceu, mas bem podia ser, se tivesse conhecido.
Os cabelos são de Vênus, ninguém há de negar. Carlos nunca teve muitos, mas, ainda que tivesse tido, os cabelos seriam de Vênus.
O "alheio?" está em verso solitário e aí começa a folia.
A primeira dúvida plantada é de quem é o "alheio?". Gerir um corpo alheio não é fácil. Gerir o corpo de Vênus quando Carlos está alheio no ato, menos ainda. Para gerir o corpo de Vênus, só estando alheio? Como são mais ricas, fico entre a segunda e terceira explicações, sem nunca me esquecer da primeira, pra estragar um pouco menos o poema.
Mas não pára(**) aí.
Ao separar o "alheio?" do corpo, a dúvida não foi só para o alheio, foi também para o corpo. No amor é grande a dificuldade de gerir o corpo do outro, mas é ainda maior a lida de gerir o próprio corpo. Só é possível, se estiver alheio?
Esse Carlos é mesmo do balacobaco.
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(*) aqui tem o poema inteiro e leitura de outro Carlos. Cuidado com a internet, tem gente que não separa o "alheio?" em verso isolado. Esses bárbaros!
(**) para combater outros bárbaros
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sexta-feira, 6 de maio de 2011
No inverno
Piquininho e magrela, mais ou menos em 1967, nadava com irmãos e primos na represa de água barrenta. Tinha muito frio, batia os dentes.
- Agora sai, cê já ta com o lábio roxo!
Mas deixava mais um pouco, que se divertia tanto. Quando saía, tremia que nem vara verde e tinha sempre uma toalha de esfregar e envolver, um banquinho no sol e uma caneca de café quente.
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- Agora sai, cê já ta com o lábio roxo!
Mas deixava mais um pouco, que se divertia tanto. Quando saía, tremia que nem vara verde e tinha sempre uma toalha de esfregar e envolver, um banquinho no sol e uma caneca de café quente.
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