Nas padarias, o balcão em volta da chapa fica cercado de fregueses criativos, cada um com seu sanduíche personalíssimo, e, do lado de dentro, três ou quatro atendentes esmerando-se para satisfazer sua urgência.
Ouvem o pedido e o repetem ao chapeiro.
Chapeiros não ouvem nada além das vozes dos atendentes. Ou, se ouvem e respondem a conversa de algum freguês conhecido, separam esses diálogos daqueles da chapa.
Cada pedido é dito uma única vez e memorizado na ordem de chegada. Se for esquecido, só se saberá quando o freguês estranhar a demora e pedir de novo. Caso seja freguês autêntico de padaria, pedirá com cordialidade, talvez alguma piada, pois sabe que raramente o chapeiro esquece.
O atendente não pode pedir duas vezes a mesma coisa, já que não há como diferenciar o reforço de outro pedido idêntico.
As mãos têm que ser hábeis, para a rapidez; talentosas, para o sabor; cuidadosas, para não se queimarem na chapa. E a memória, perfeita.
É linha de montagem de mãos e cachola.
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Um comentário:
pronto, já dá pra cataloga-lo na CBO
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