sábado, 27 de setembro de 2008

A cada um o que é seu

Consta que Newton era um sujeito introspectivo, capaz de passar horas concentrado, ensimesmado. "Não sou mais inteligente do que ninguém, apenas sei pensar com calma", fala a lenda que dizia de si mesmo.

É quase certo que um britânico assim tivesse um gato, ou mais do que um, e quem tem gatos sabe como eles empurram moedas ou qualquer coisa solta só pelo prazer de vê-las cair.

E com que interesse observam a queda, em cada uma de suas fases: o escorregar na superfície, a perda do apoio, a trajetória descendente e acelerada, o barulho do choque e o quicar no chão até a parada final. E ainda gastam mais alguns segundos pra confirmar a imobilidade.

E foi assim. Não foi a maçã, mas a moeda que o bichano-laboratorista empurrou da mesa da sala que inspirou o físico. Sob a supervisão do gato.

O resto foi só equação.

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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Crescer

Em um dia infernal, escorraçado pela tristeza do trabalho, corri pra um almoço em padaria. Como a Estrela do Butantã estava lotada, um senhor me pediu um cantinho da mesa. "Claro!".

Ele comia uma costelinha esturricada que, apertada entre o garfo e a faca, pimba pra fora do prato! "Desculpe!"

"Que nada! Eu sempre derrubo tudo. Minha mãe, quando eu era criança, me proibiu de vestir uniforme antes do café. - 'Estou cansada de lavar uniforme sujo de café com leite'... continuo o mesmo, não mudei nada".

Riu: "e nós crescemos?"

Puxa!... Isso lá é pergunta que se faça?

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